Era sempre a mesma história!... E Joaquim já estava começando
a perder a paciência!... Ele adorava comer melancias; mas, quando as comprava,
elas simplesmente desapareciam.
Na última vez em que elas foram roubadas, ele ouviu um
barulho na cozinha e correu, porque tinha a certeza de que lá estava o
ladrãozinho!... Joaquim não se enganara!... A porta estava aberta, e ele viu um
homem baixinho, de orelhas pontudas, fugindo com as melancias debaixo dos
braços.
Acreditando ser mais esperto do que o estranho sujeito, Joaquim,
na manhã seguinte, comprou mais duas melancias e devorou-as. Sobraram apenas as
cascas, que ele havia partido ao meio com todo o cuidado, para depois poder uni-las
novamente.
Quando a noite chegou, Joaquim escondeu-se no quintal, atrás
de uma árvore. Pouco tempo depois, um vulto ligeiro pulava o muro, atravessava
o quintal e abria a porta da cozinha. Joaquim pensou em correr para apanhar o
ladrão; mas, como se estivesse enfeitiçado, o seu corpo não obedecia ao seu
comando, porque os seus pés pareciam estar colados na terra.
Felizmente, o desespero de Joaquim durou apenas alguns
minutos... Foi só ele ver o homem baixinho, de orelhas pontudas, deixar a
cozinha, atravessar o quintal e fugir pulando o muro, ele conseguiu recuperar
os movimentos.
Joaquim entrou em casa com a lembrança daquele estranho ser assombrando
sua mente!... Ele se perguntava o que poderia fazer para livrar-se do infeliz que
roubara até as cascas!!!... Sentindo-se deserdado da sorte, ele se preparava
para esmurrar a mesa quando os seus olhos esbarraram em uma folha de papel
cuidadosamente dobrada. No momento em que ele apanhou o papel para ler a
mensagem, uma moeda de ouro caiu sobre a mesa. O bilhete dizia: “Obrigado. Nas
outras vezes, eu não retribuí o favor, porque tive o trabalho de limpar as
cascas para guardar o meu ouro.”.
Você deve estar se perguntando se o homem baixinho, de
orelhas pontudas, voltou à casa de Joaquim para buscar mais cascas de melancia.
A resposta é sim!... E ele sempre deixava uma moeda de ouro quando encontrava
as cascas limpas.
Texto: Sisi Marques
Arte: Felipe Farias
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