Folhínea era uma fada
diferente das outras... Em vez de possuir asas de borboleta, quatro folhas
sustentavam o seu corpo no ar.
Por mais que Folhínea
tentasse ignorar os olhares altivos das outras fadas, muitas vezes ela se entristecia
e jogava ao vento as palavras: “Por que minhas asas não são tão belas quanto as
asas das outras fadas?!... Isso não é justo!... Eu não gosto de ser diferente!”.
Certo dia, uma fada que
se considerava a mais bela de todas disse a Folhínea: “Você é muito lenta e
sempre atrapalha a nossa dança, porque suas asas, além de feias, são pesadas!...
A sua presença quebra a graça e a harmonia do nosso voo, porque suas asas foram
tingidas com o verde das matas, enquanto as nossas asas são coloridas e brilham
como estrelas!...”.
Folhínea, depois de
ouvir as palavras que a feriram como se fossem espinhos, retirou-se para o
galho de sua árvore favorita e acompanhou, com o olhar, o esplendoroso voo das
outras fadas. Não!... Não havia nenhum esplendor naquele voo, e Folhínea
pressentiu que algo estava errado.
Ela não se enganara!...
As fadas começaram a cair uma após a outra, e Folhínea voou ao encontro delas
para tentar ajudá-las!... Foi a fada que se considerava a mais bela de todas
quem perguntou: “Por que você, que é pesada, ainda está voando, se nós, que somos leves
como pétalas, estamos presas ao chão?!...”.
Folhínea permanecia
calada, porque não sabia o que responder. Foi um duende que, após tornar-se
visível, disse: “Eu vi tudo!... Eu vi tudo!... Minutos antes do voo das fadas,
a bruxa malvada pulverizou sua poção para capturá-las. Enquanto ela espalhava a
poção no ar, ela dizia: ‘Fadas formosas e orgulhosas, a sua beleza e o seu
porte altivo serão meus depois que eu fizer um creme com o pó de suas asas
trituradas!...’.”.
Folhínea exclamou: “Não
podemos permitir que isso aconteça!... Eu tenho um dom que nunca revelei a
ninguém, porque imaginei que ele não tivesse importância. Mas agora ele será
útil!...”.
Folhínea agitou suas
asas e começou a voar sobre as fadas. Conforme ela voava, as folhas das árvores
se desprendiam, voavam em sua direção e cobriam as fadas.
Quando a bruxa chegou,
não conseguiu encontrá-las e, após desistir da busca, exclamou: “Fada de asas
de folhas!... Aqui deve existir uma delas!... Ela escondeu as fadas!... E, por
causa dela, eu continuarei feia, velha e gorda!!!...”. E a bruxa se afastou
reclamando...
Depois que as fadas
conseguiram se desvencilhar das folhas, elas abraçaram Folhínea. A bruxa não
desistia facilmente e tentou capturar as fadas várias vezes. Mas Folhínea
estava sempre por perto para protegê-las.
Texto: Sisi Marques
Arte: Felipe Farias
Nenhum comentário:
Postar um comentário