A bruxa Trianga olhava
para o príncipe Celestino, como se desejasse fulminá-lo, enquanto ele dizia: “Mesmo
que você transformasse todas as árvores do meu reino em triângulos... Mesmo que
você reduzisse o meu próprio corpo a triângulos... Eu jamais me casaria com
você, Trianga!...”.
Celestino mal acabou de
pronunciar o nome da bruxa e lá estava ele, transformado em pássaro, ganhando o
céu através de uma das janelas de seu castelo!... Ele ainda pôde ouvir Trianga gritar:
“Vá, meu Triangave!... Vá, meu pássaro querido, assombrar com o seu canto noturno
a sua floresta de árvores triangulares!...”.
Muitos meses se
passaram antes que Lucimara, uma jovem princesa, entrasse na floresta e olhasse
para as estranhas árvores com admiração!...
Ela murmurou: “Deve ser
aqui que ele vive... Eu ouvi dizer que o lamento de seu canto faria até mesmo
uma pedra chorar!... Se ele começar a cantar, eu terei que partir, porque eu não
suportaria a tristeza!... Por outro lado, se ele não cantar, não conseguirei
localizá-lo, e o meu pai não permitirá que eu retorne a essa floresta de
árvores triangulares!... Trianga, aquela bruxa malvada!... Como pôde enfeitiçar
o meu amor?!...”.
A noite chegou, e
Lucimara ainda vasculhava o céu com o olhar à procura do Tringave. Um canto
triste e dilacerante anunciou sua chegada. Ela tapou os ouvidos com as mãos e
caiu de joelhos. Lá estava a ave pousada no topo de uma árvore, mas Lucimara
mal conseguia vê-la, porque as lágrimas abundantes colocavam um oceano entre ela
e o ser a quem tanto amava...
Antes de desmaiar, ela
murmurou: “Você não me reconhece, Celestino, mas sou eu: Lucimara!... O que
posso fazer para quebrar o encanto?!... Eu te amo e sempre te amarei!...”.
Quando Lucimara voltou
a si, pensou que estivesse sonhando!... Ela sorriu ao ver o rosto de Celestino
iluminado pelo amor que ele sentia por ela... As árvores não eram mais
triangulares, e ela ouviu o seu grande amor dizer ternamente: “Você suportou a
dor de me ver sofrer!... O seu amor foi maior do que a nossa autopiedade!...
Levante-se, meu amor, e venha comigo!... Agora estamos livres para sermos
felizes!...”.