segunda-feira, 31 de agosto de 2015
domingo, 30 de agosto de 2015
O PRÍNCIPE MIGUEL E A BORBOLETA GIGANTE
O príncipe Miguel, que
estava acostumado a ter sempre todos os seus desejos realizados, não aceitaria
tão facilmente a derrota...
Ele ordenara a sete de
seus melhores soldados que fossem à ilha encantada capturar a borboleta que
faltava para a sua coleção, e eles não retornaram. Ele pensou consigo: “Se os meus
melhores homens falharam, será inútil enviar mais alguém... Eu mesmo terei que
ir, até lá, buscar aquela preciosidade.”. E o príncipe remou sozinho até a
misteriosa ilha.
Miguel era muito astuto
e cauteloso... Quando ele chegou à ilha, escondeu o barco e começou a caminhar
devagar, porque imaginava que houvesse armadilhas por toda a parte.
Após algumas horas, ele
ouviu um gemido seguido de um pedido de socorro. Ele se aproximou da borda do
buraco que havia sido cavado no chão e, ao olhar em seu interior, reconheceu
Algenor. Disse: “Felizmente você está vivo, e os outros também devem estar...
Como você foi parar aí no fundo, se existe esta grade bloqueando a passagem?!...”.
Algenor respondeu: “Ela
não estava aí no momento em que caí... Havia galhos cobrindo o buraco. Vossa
Alteza terá o mesmo destino se não tiver cuidado.”.
Miguel comentou: “Você
deve estar com sede e fome...”. Algenor respondeu: “Não, Alteza. Do mesmo modo
que a grade surgiu, também apareceu um cesto, aqui dentro, com uma jarra de
água e frutas. Quem construiu as armadilhas usou magia e deve estar tentando se
proteger.”.
Miguel exclamou:
“Bobagem!... Não me diga que também acredita que a borboleta gigante seja uma
mulher!... Eu também já ouvi dizer que ela é uma princesa encantada, mas isso
não passa de invenção!...”.
Algenor aventurou-se a
dizer: “Eu ouvi bem mais do que isso: Embora todos a vejam como uma borboleta
gigante, mesmo em pleno voo, ela continua sendo uma jovem. O homem que desejar
matá-la a verá como ela realmente é, e se apaixonará por ela... Mas será tarde
demais.”.
Miguel tornou a
exclamar: “Bobagem! A borboleta gigante é um capricho da natureza, e nada tem a
ver com o fato de você estar preso aí. Preciso encontrar os outros e descobrir
por que alguém teria interesse em manter esta ilha apenas para si.”.
O príncipe Miguel
revestiu-se de cautela e caminhou até chegar a uma estranha habitação
construída de barro e folhas. Quando ele abriu a porta e entrou, a borboleta
gigante voou em sua direção.
Miguel conseguiu
segurá-la e admirou-se com a reação de outras borboletas pequenas que o
atacavam em uma tentativa desesperada de libertá-la. Elas só pararam quando
perceberam que a borboleta gigante havia desistido de lutar e parecia resignada
com a sua sorte.
Miguel disse sem
pensar: “Assim é melhor!... Não me obrigue a matá-la antes da hora... Está
vendo só esta faca?... Se você ameaçar abrir suas asas para voar e fugir de mim,
ela será cravada no seu tórax. Eu já matei muitas borboletas tão belas quanto
você; a única diferença agora é que você é bem maior do que elas. Não teste a
minha paciência.”.
Nesse exato momento, Miguel
teve a impressão de ouvir a borboleta gigante murmurar: “Eu te amo...”.
Confuso, ele perguntou: “O que foi que você disse?!...”. Ele não obteve
resposta... A borboleta gigante parecia ter desmaiado em seus braços... Ele
caminhou e a depositou sobre um divã que havia próximo a uma janela.
O coração de Miguel
enterneceu-se quando as borboletas, que o haviam atacado, pousaram sobre a
cabeça e as asas da borboleta gigante... E a magia, a partir daquele momento,
em vez de trabalhar contra Regina, começou a inverter o seu curso e mostrou a
Miguel como ela realmente era. O encanto estava desfeito.
A ternura, que minutos
antes preenchera o coração de Miguel, agigantou-se e transformou-se em paixão.
Ele se ajoelhou ao lado de Regina e pediu a ela que o perdoasse. A jovem abriu
os olhos e sorriu docemente.
Miguel estava encantado
com tanta beleza... Ele perguntou: “Qual é o seu nome?...”. Enquanto acariciava
as borboletas que enfeitavam os seus longos cabelos ruivos, ela confidenciou:
“Regina. Eu sou filha de uma feiticeira. Ela se casou com um rei bondoso, em
vez de aceitar unir-se a um mago poderoso. O mago não conseguiu perdoá-la e,
para vingar-se de minha mãe, quando eu tinha cinco anos, ele entrou no meu
quarto e disse que, embora eu continuasse a ser uma criança, todos me veriam
como uma borboleta. Eu chorei porque ele segurava um frasco e borrifou um
líquido verde e viscoso sobre mim. Depois disso, para a minha proteção, a minha
mãe me trouxe para cá e disse que as pessoas só tornariam a ver a minha
verdadeira aparência depois que eu me apaixonasse.”.
Quando Regina calou-se,
os olhos de Miguel estavam mergulhados nos olhos dela, e ele a beijou docemente.
Texto: Sisi Marques
Arte: Felipe Farias
sábado, 29 de agosto de 2015
SÍLVIA E A ÁRVORE DA HABILIDADE
Quando Sílvia saiu da
escola, em vez de ir para o curso de corte e costura, que ela tanto gostava,
ela entrou na floresta e começou a chorar...
Ela sentou sob a copa
de uma árvore e deu vazão ao choro que represara durante dias... Ela se
perguntava onde estaria o garoto a quem tanto amava!...
De repente, o tempo
começou a mudar... O vento agitava as folhas das árvores e levantava as flores
e folhas que haviam caído no chão. Sílvia ouviu um ruído e perguntou receosa: “Quem
está aí?!... Vamos, apareça!... Eu não tenho medo de você...”.
Na verdade, ela estava
tremendo quando ouviu alguém dizer: “Flores e folhas carregadas pelo vento,
agora ordeno que se aglutinem ao contorno do meu rosto para que ele possa se
tornar visível a esses olhos desatentos...”.
Antes que Sílvia pudesse
dizer algo, o ser floral endereçou-lhe as palavras: “Nelson foi imprudente, mas
você será mais inteligente do que ele... Nesta floresta, existem muitos
portais, e um deles a conduzirá a uma região onde a natureza das árvores foi alterada.
Você precisará agarrar-se a uma delas para evitar ser tragada pelo vendaval.”.
Sílvia exclamou: “Por
favor, não desapareça!... Você precisa me dizer onde fica esse portal, porque eu não conseguirei encontrá-lo sozinha!...”. O
ser floral aconselhou: “Espere até a noite e confie nas estrelas para mostrar-lhe
o caminho... Confie nas estrelas...”. Sílvia recomeçou a chorar quando percebeu
que estava novamente sozinha.
Quando a noite cobriu o
céu com o seu manto de estrelas, os olhos atentos de Sílvia buscavam um sinal, e
ela se alegrou quando eles se depararam com o contorno do rosto de um ser
estelar.
Os olhos de Sílvia só
se desprenderam do céu no momento em que uma árvore enorme bloqueou o seu
caminho. A intuição lhe dizia que era preciso atravessá-la. Sílvia fechou os
olhos e caminhou em direção a um destino incerto.
Quando Sílvia abriu os
olhos, ela se sentia leve... Era como se estivesse presa em um sonho... As
árvores, tão separadas umas das outras, não pareciam reais... Elas eram
douradas... E, entre elas, havia apenas uma árvore diferente... Ela era bem
menor, e sua copa era feita de alfinetes e fitas. Nesse momento, uma pergunta preocupou
Sílvia: Em que árvore ela se seguraria se a ventania começasse?...
E a ventania começou
sem dar-lhe tempo para pensar... Sílvia adorava costurar, e aquela árvore atraía
sua atenção mais do que as árvores feitas de ouro. De olhos fechados, ela
abraçou o tronco da árvore e confiou que estaria segura.
O vento soprou,
soprou... Mas não conseguiu separá-la da árvore que ela havia escolhido para
ampará-la. Quando a ventania cessou, Sílvia abriu os olhos. Ela ainda estava abraçada
à árvore amiga quando viu Nelson caminhando em sua direção. Ela correu para abraçá-lo.
Minutos depois, ele
dizia: “Só agora, depois de vê-la abraçada àquela árvore, é que compreendi o
que aconteceu... Eu tive a oportunidade de me proteger da ventania... Mas, em
vez de me segurar na árvore cuja copa era formada por animais, eu escolhi uma
que era feita de ouro porque, além de parecer mais resistente, ela era mais
valiosa e bonita. Como eu estava enganado!... A árvore que parecia tão sólida transformou-se em poeira!... Eu deveria ter confiado na minha habilidade de cuidar de
animais como você confiou na sua habilidade de costurar... Vamos embora antes
que a ventania recomece... Obrigado, Sílvia... Muito obrigado!...”.
Texto: Sisi Marques
Arte: Felipe Farias
&
Sisi Marques
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
OTÁVIO E MIRELA: UM AMOR QUASE IMPOSSÍVEL
Não foi nada fácil para
Otávio ter sido expulso da terra da fantasia depois que ele provocou um incêndio
na floresta. Ele estava apaixonado por Mirela e temia que ela preferisse se
casar com um dragão que não fosse tão desastrado quanto ele. Com aquela sua
mania de viver comendo o tempo todo, ele sempre acabava se distraindo e,
acidentalmente, se queimava ou colocava fogo no que estivesse ao seu redor.
Otávio se perguntava
se, um dia, conseguiria conquistar o coração de Mirela. O que ele não poderia
imaginar era que Mirela o amava e estava disposta a deixar a terra da fantasia
para viver ao lado dele.
Quando ela foi procurá-lo
para dizer que não se importava de morar no vale dos malqueridos, Otávio disse:
“Aqui é o meu lugar e não o seu. Volte, Mirela!... A terra da fantasia é o seu
lar.”. Mirela afirmou: “O meu lar é onde você estiver.”.
Otávio insistiu: “Você
precisa voltar!... Eu não posso deixar que faça esse sacrifício por mim... Não
há nada aqui além de areia e desesperança... Você não acha que emagreci?!... Não
há frutas, nem legumes... A minha barriga está roncando de fome!...”.
Mirela aventurou-se a dizer:
“Talvez exista um modo de continuarmos juntos... A fonte das cobras mortas não
fica muito longe daqui... Se você beber da água que escorre da boca da cobra
mais retorcida, a sua chama se extinguirá.”.
Confuso, Otávio
exclamou: “Você enlouqueceu?!... O que me torna o que sou é o fogo que sai das
minhas entranhas sem queimá-las!... Eu hei de me tornar tão sábio quanto a
natureza: Aprenderei a controlar a minha chama para usá-la de modo que não me
prejudique e, principalmente, não prejudique você e os outros. Eu não me
perdoaria se o seu pelo ficasse todo chamuscado como o meu. Volte Mirela!...
Quando eu estiver pronto, irei ao seu encontro.”.
Mirela afastou-se
entristecida... Não havia nada que ela pudesse fazer... Embora Otávio também
estivesse triste, dentro dele, havia determinação e esperança...
Dias e meses se
passaram... Otávio se exercitava, refletia e meditava... Ele adquiriu o
autocontrole e a certeza de que a sua presença se tornaria uma bênção e não uma
maldição.
Ele voltou para a terra
da fantasia, casou-se com Mirela e ofereceu-se para ajudar as criaturas que não
conseguiam sair do vale dos malqueridos.
Quando Otávio visitava aqueles
seres, que pareciam ter desistido de si mesmos, para fazê-los recobrar o ânimo
e a autoestima, ele não se cansava de afirmar: “Se eu consegui vencer as minhas
limitações, vocês também poderão derrubar as paredes que construíram ao redor
de si mesmos.”.
Texto: Sisi e Felipe
Arte: Felipe e Sisi
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
A BRUXA BRUZÉLIA E O PORQUINHO TOICINHO
Ventos, ventos, acordem
e venham ouvir meu lamento: Amo um príncipe que me despreza por eu não ser
bela! Ventos, ventos, revoltem-se com a minha má sorte e mexam a poção que me
tornará mais bela do que a morte!...
O que você disse,
Toicinho?!... Você não pode me interromper desse jeito, porque eu perco a
concentração!... Eu errei?!... Onde foi que eu errei, meu porquinho?!... Ah, eu
esqueci de dizer o meu nome!... Você tem razão, mas afaste-se da boca do
caldeirão!... Lembre-se de que lhe dei asas para mantê-lo afastado dos perigos, e não para que você voasse em direção a eles!...
Ventos, ventos, meu
nome é Bruzélia!... Mexam a poção que me tornará bela!...
O que foi agora, Toicinho?!...
Ah, eu esqueci de dizer o nome do príncipe?!... Você sabe como ele se
chama?!... Eu também não!... É melhor pularmos essa parte!... Traga-me o último
ingrediente da poção: lágrimas de fada...
Obrigada, meu
porquinho, eu sabia que poderia contar com você para obter as lágrimas!,,, Agora
eu só preciso beber a poção... Afaste-se para não se machucar!...
Que estranho!... Não
houve nenhuma explosão!... Traga-me o espelho!... Maldição!... A minha
aparência não mudou!... As lágrimas, que você colocou naquele vidro, eram mesmo
lágrimas de fada?!...
O que foi que você
disse?!... Você contou histórias engraçadas para a fada até fazê-la chorar de
tanto rir?!... Porquinho imprestável, saia já daqui e vá morar com aquela fada
desocupada, que tem tempo de ficar ouvindo histórias!... Eu não tenho tempo a
perder!... Preciso fazer mais poções!...
Toicinho, eu preciso de
ajuda!... Onde está você, meu porquinho?!... Volte aqui!... Eu estava zangada e
falei sem pensar!... Eu sei que você está escondido em algum lugar!... Ah, aí
está você, meu porquinho!... Venha me ajudar!...
Texto: Sisi Marques
Arte: Felipe Farias
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
FOLHÍNEA, A FADA DE ASAS DE FOLHAS
Folhínea era uma fada
diferente das outras... Em vez de possuir asas de borboleta, quatro folhas
sustentavam o seu corpo no ar.
Por mais que Folhínea
tentasse ignorar os olhares altivos das outras fadas, muitas vezes ela se entristecia
e jogava ao vento as palavras: “Por que minhas asas não são tão belas quanto as
asas das outras fadas?!... Isso não é justo!... Eu não gosto de ser diferente!”.
Certo dia, uma fada que
se considerava a mais bela de todas disse a Folhínea: “Você é muito lenta e
sempre atrapalha a nossa dança, porque suas asas, além de feias, são pesadas!...
A sua presença quebra a graça e a harmonia do nosso voo, porque suas asas foram
tingidas com o verde das matas, enquanto as nossas asas são coloridas e brilham
como estrelas!...”.
Folhínea, depois de
ouvir as palavras que a feriram como se fossem espinhos, retirou-se para o
galho de sua árvore favorita e acompanhou, com o olhar, o esplendoroso voo das
outras fadas. Não!... Não havia nenhum esplendor naquele voo, e Folhínea
pressentiu que algo estava errado.
Ela não se enganara!...
As fadas começaram a cair uma após a outra, e Folhínea voou ao encontro delas
para tentar ajudá-las!... Foi a fada que se considerava a mais bela de todas
quem perguntou: “Por que você, que é pesada, ainda está voando, se nós, que somos leves
como pétalas, estamos presas ao chão?!...”.
Folhínea permanecia
calada, porque não sabia o que responder. Foi um duende que, após tornar-se
visível, disse: “Eu vi tudo!... Eu vi tudo!... Minutos antes do voo das fadas,
a bruxa malvada pulverizou sua poção para capturá-las. Enquanto ela espalhava a
poção no ar, ela dizia: ‘Fadas formosas e orgulhosas, a sua beleza e o seu
porte altivo serão meus depois que eu fizer um creme com o pó de suas asas
trituradas!...’.”.
Folhínea exclamou: “Não
podemos permitir que isso aconteça!... Eu tenho um dom que nunca revelei a
ninguém, porque imaginei que ele não tivesse importância. Mas agora ele será
útil!...”.
Folhínea agitou suas
asas e começou a voar sobre as fadas. Conforme ela voava, as folhas das árvores
se desprendiam, voavam em sua direção e cobriam as fadas.
Quando a bruxa chegou,
não conseguiu encontrá-las e, após desistir da busca, exclamou: “Fada de asas
de folhas!... Aqui deve existir uma delas!... Ela escondeu as fadas!... E, por
causa dela, eu continuarei feia, velha e gorda!!!...”. E a bruxa se afastou
reclamando...
Depois que as fadas
conseguiram se desvencilhar das folhas, elas abraçaram Folhínea. A bruxa não
desistia facilmente e tentou capturar as fadas várias vezes. Mas Folhínea
estava sempre por perto para protegê-las.
Texto: Sisi Marques
Arte: Felipe Farias
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
SOFIA E O GATINHO FOFURA
Olá, Amigos!... O meu
nome é Estelina, e eu tive o privilégio de me tornar a rainha das fadas. Mas
essa é outra história!... Hoje eu gostaria de falar sobre Sofia e o gatinho Fofura.
Sofia era uma garotinha
que possuía um dom muito especial: ela via seres que a maioria das pessoas nem
imagina que existam. Ela também conseguia ouvi-los, e eles sempre se
aproximavam para dizer-lhe algo. Até mesmo uma fadinha, que gostava de dançar à
luz do luar, não se importava de parar por alguns minutos para conversar com
Sofia.
Certo dia, eu fiquei
surpresa quando a garotinha me disse: “Estelina, eu não deveria estar
reclamando, porque eu amo os serezinhos mágicos!... Mas a verdade é que eles
não sabem brincar!... Eles estão sempre envolvidos com os seus afazeres... E,
as histórias que eles me contam, eu já conheço de cor!... Eu gostaria de ter um
animalzinho de estimação, mas a minha mãe não deixa, porque eu espirro toda a
vez que me aproximo de um bichinho.”.
E, nesse momento, eu
senti um aperto no coração quando me lembrei do meu gatinho Fofura!... Ele
também não parecia feliz ao meu lado!... Eu o criei com a minha varinha mágica,
porque me sentia muito sozinha e precisava ter alguém com quem conversar. Mas
ele só queria brincar com aquelas bolas coloridas, e não tinha paciência
de ficar me ouvindo!... Fofura ficou muito triste no dia em que eu me aborreci
e escondi as bolinhas!... Naturalmente, depois eu as devolvi, mas eu acho que
ele perdeu a confiança que tinha em mim, e a nossa amizade nunca mais foi a
mesma.
Os dias foram se
passando... Eu olhava para o meu gatinho mágico e me lembrava de Sofia!... Eu
resolvi deixar Fofura aos cuidados dela por uma semana... Mas eles se deram tão
bem que já se passaram dois anos e, até hoje, não tive coragem de pedir a Sofia
que devolvesse o meu gatinho.
Texto: Sisi Marques
Arte: Felipe Farias
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
terça-feira, 18 de agosto de 2015
sábado, 15 de agosto de 2015
O MANTO E A COROA DE REGIS
Regis foi escolhido,
pela professora e pelos colegas, para representar o rei na apresentação de
teatro que haveria na escola.
A professora de Regis
entregou, a cada aluno, a fantasia que correspondia ao seu personagem, e Regis,
como era de se esperar, recebeu o manto e a coroa.
A peça seria exibida
durante uma festa que haveria em um sábado, e a escola estaria aberta para que
os familiares e os amigos dos alunos também pudessem participar.
O dia tão esperado
finalmente chegou, e Regis estava muito nervoso porque não conseguia encontrar
seu manto e sua coroa. Com receio de que chegassem atrasados à festa, a mãe de
Regis disse: “Apresse-se, filho! O manto e a coroa estão sobre a cadeira no seu
quarto!... Fui eu mesma que os coloquei lá, ontem à noite!... O seu pai já está
no carro... Você sabe que ele detesta esperar!... Suba, apanhe a sua fantasia e
desça logo!...”.
Regis insistia em
dizer: “Mãe, quantas vezes terei que repetir que o manto e a coroa sumiram?!...
Se não acredita em mim, suba lá para ver!...”.
Num gesto de
impaciência, a mãe de Regis levantou as mãos para o alto antes de exclamar: “Está
bem, Regis!... Está bem!... Você é igualzinho ao seu pai!... Sabe que está
errado, mas cria caso e quer ter sempre razão!... Vá para o carro que eu mesma subirei
para buscar a sua fantasia.”.
Minutos depois, quando
a mãe de Regis entrou no carro, ela entregou o manto e a coroa a Regis sem
emitir nenhum comentário, porque receava aborrecer o marido. Mas Regis afirmou:
“Há algo errado... O manto e a coroa são de verdade!...”.
Regis calou-se quando
ouviu o pai dizer: “Chega de histórias!... Mais uma palavra, e não haverá festa
para nós.”.
Durante a apresentação
da peça, a atenção dos espectadores acabava sempre voltando para a exuberância
do manto e da coroa de Regis. O nosso
reizinho, por sua vez, não conseguia desprender os olhos de uma jovem belíssima
que estava sentada na plateia, ao lado de um anão.
Regis pensou que
estivesse sonhando, porque houve um momento em que tudo ao redor desapareceu,
exceto a jovem e o anão, e ele a ouviu dizer: “Guarde o manto e a coroa, Regis,
com muito carinho... Daqui a dez anos, nos reencontraremos... Você se tornará o
rei da ilha das fadas, e eu serei a rainha.”.
Regis voltou à
realidade quando um amigo perguntou baixinho: “Você está bem?!... É a sua
vez!...”. Felizmente Regis havia decorado o texto e conseguiu se sair bem. Ele
vasculhou a plateia com o olhar, mas não viu mais a jovem e o anão.
Os dez anos ainda não
se passaram. Regis guarda até hoje o manto e a coroa em um esconderijo secreto.
Ele deseja tornar-se o rei da ilha das fadas, porque a bela jovem, que será a
rainha, conquistou o seu coração.
Texto: Sisi Marques
Arte: Felipe Farias
sábado, 8 de agosto de 2015
ADELFO, PANDA E A FADA FLORBEL
O sono de Panda seria eterno se Adelfo não conseguisse convencer a fada Florbel a despertá-lo.
Adelfo era um elfo muito parecido com os humanos... Ele só se diferenciava por suas orelhas pontudas e por sua pele dourada. Ele era o guardião da floresta e precisava libertar Panda daquele sono profundo.
Um dos gnomos contou-lhe que ouviu a fada Florbel dizer: “Aquele urso trapalhão pisou novamente nas minhas flores!... Se falar não resolve, melhor será colocá-lo para dormir!...”.
Quando Adelfo conseguiu localizar Florbel, ele ordenou: “Liberte Panda do feitiço. Ele é nosso amigo!... O que pensa que está fazendo?!..”. Ela respondeu: “O que eu já deveria ter feito há muito tempo!... Não é porque sou do tamanho de uma borboleta que vou permitir que aquele urso trapalhão destrua o meu jardim!... Desista, porque você não conseguirá me convencer a despertá-lo!...”.
Adelfo pensou, pensou e, de repente, ele se lembrou de um pedido que Florbel havia feito há alguns meses. Adocicando a voz, ele perguntou: “Você não irá acordá-lo nem mesmo se eu construir aquele castelo que você me pediu, com um jardim em volta e uma cerca ao redor dele para que suas flores fiquem protegidas?!...”.
Percebendo que suas palavras despertavam o interesse de Florbel, Adelfo acrescentou: “Se você deseja que eu construa o castelo, acorde Panda!... Com a ajuda dele, o castelo ficará pronto em três dias no máximo!...”.
A fadinha perguntou: “E o castelo ficará tão grande quanto o da rainha?!... Você terá que descer à mina para buscar ouro e pedras preciosas!... Quanto ao urso trapalhão, continuará dormindo até que o meu castelo fique pronto. Eu não me importo de esperar alguns dias a mais. E não me olhe desse jeito!... Eu não sou má, e sei que Panda ficará bem.”.
Duas semanas se passaram até que o castelo ficasse do agrado de Florbel. Felicíssima com a exuberância de sua nova moradia, ela libertou Panda daquele sono profundo.
Quando Panda despertou, ele não se lembrava de ter dormido durante tanto tempo. Mas, apesar disso, a intuição o aconselhava a manter-se longe do castelo de Florbel.
Texto: Sisi Marques
Arte: Felipe Farias
sexta-feira, 7 de agosto de 2015
SAMUEL E A PENA ENCANTADA
Era uma vez um rei muito mau. Ele não gostava de seres mágicos, e ordenava que eles fossem aprisionados na gruta escura.
A gruta escura era um lugar encantado. Quem lá entrasse, perdia seus poderes mágicos e ficava percorrendo sempre o mesmo caminho, sem conseguir localizar a saída. Temerosos de ficarem perdidos naquele labirinto, os duendes, os gnomos, os elfos, as fadas e até mesmo as bruxas se afastaram daquele reino. Mas a distância era apenas física, porque o pensamento deles se mantinha preso à desventura dos amiguinhos capturados.
Certo dia, o inesperado aconteceu... Samuel, um contador de histórias, ignorando todos os conselhos e advertências dos amigos, resolveu fazer uma visita àquele reino voltado exclusivamente para esta realidade.
Embora Samuel fosse um sonhador, ele não tinha o pensamento ancorado nas nuvens!... Ele acreditava na magia, e os seus sonhos eram luminosos, dourados e tangíveis. Ele amava a fantasia porque ela emprestava suas cores alegres a esta realidade sombria.
Por mais que os amigos de Samuel, ao vê-lo partir, e os habitantes daquele reino, onde ele se instalara, dissessem que ele era louco em desafiar o rei, ele permanecia tranquilo, com um sorriso sereno iluminando sua personalidade cativante.
O próprio rei, em outras circunstâncias, teria sentido admiração e respeito por Samuel. Mas como ele poderia convidar para morar em seu castelo e colocar sob sua proteção um homem que contrariava suas ordens e proibições?!... Não!... A realidade era a rainha suprema daquele reino, e a fantasia precisava ser pisoteada e banida!... Quanto a Samuel, o rei jurou que ele teria o fim que merecia: faria companhia aos seres que tanto amava, na gruta escura.
Ser aprisionado na gruta escura não era o fim que Samuel merecia, mas era certamente a oportunidade que ele desejava. Dois anos antes, ele havia entrado em uma loja de livros usados, para renovar o seu repertório, e encontrou uma pena dentro de um dos livros que adquiriu. Nesse livro, havia uma história sobre o príncipe da terra da fantasia. De posse de uma pena encantada, ele libertou os seres mágicos da opressão de um rei que condenava a magia.
Samuel não perderia por nada a oportunidade de verificar se a pena era mesmo encantada. Quando ele entrou na gruta escura, contou aos serezinhos que possuía a pena e que os libertaria. Embora eles estivessem muito tristes, ainda conseguiram rir da desgraça, e um deles exclamou: “Tolo!... Você não deve acreditar em tudo o que lê!... Nós existimos, mas nem tudo o que dizem sobre nós é verdadeiro!... Se nós, que possuíamos poderes mágicos, ficamos presos nesta armadilha, como você e essa sua pena poderiam nos libertar?!... Procure um lugar para esperar a morte e mantenha a boca fechada!... Você ainda tem sorte de ser mortal!... Para nós, esta prisão será eterna!...”.
Em meio àquela escuridão, Samuel não conseguia ver os seres que se reuniam ao seu redor. De nada adiantaria rebater o que um deles dissera!... Ele teria que agir e provar que a pena era mesmo encantada!...
Ele retirou a pena do bolso da camisa, fechou os olhos e concentrou toda a sua energia no desejo de que a história que ele tinha lido fosse real, de que a pena fosse encantada, e de que, após se tornar o príncipe da terra da fantasia, teria permissão para viver ao lado daquelas criaturas mágicas. Era esse o grande sonho de Samuel: pertencer a uma realidade mágica!...
E a magia que a pena guardara durante séculos começou a funcionar... O brilho, no início tímido, aos poucos foi se intensificando e só se extinguiu depois que todos os seres haviam recuperado seus poderes mágicos. O encantamento da gruta escura tinha sido desfeito... Os raios do sol iluminavam e revelavam a saída. Os seres mágicos sorriam e endereçavam olhares de agradecimento a Samuel.
O coração de Samuel também estava em festa!... Ele se sentia responsável pelo destino daquelas criaturinhas tão frágeis e, ao mesmo tempo, tão poderosas!... Após a coroação, uma fada entregou a Samuel um cálice que continha a água da fonte da juventude. Ele agradeceu sorrindo e bebeu o líquido que o tornaria imortal.
Texto: Sisi Marques
Arte: Felipe Farias
terça-feira, 4 de agosto de 2015
RÓTULOS NÃO REVELAM A VERDADEIRA ESSÊNCIA
Você deve estar se
perguntando quem sou eu!... Uma bruxa naturalmente!... Você não reparou na
minha varinha e na minha vassoura?!... Elas são mágicas!... Era só o que me
faltava: aí está mais uma pessoa que não acredita que uma bruxa possa ser bela
e bondosa!...
Os moradores da vila
onde eu morava também não acreditavam nisso, e eu tive que fugir para a
floresta. A fada Cristalina conseguiu convencer a todos de que eu era má e
poderia escravizar as crianças.
Um ano se passou antes
que os pais das crianças, aflitos, viessem me procurar. Eu demorei alguns
minutos para compreender o que havia acontecido, porque todos falavam ao mesmo
tempo. Segundo eles, a fada Cristalina mentira sobre mim e sugerira que me
expulsassem, para que ela pudesse ter o caminho livre para conduzir as crianças
ao país das fadas. Ela desejava ser a rainha e, quanto mais seguidores ela
tivesse, maiores seriam as chances de ela conseguir ocupar o trono. Ela sabia
que a minha magia era poderosa e que somente eu poderia detê-la.
Eu respondi: “O que
está feito está feito e não poderá ser desfeito.”. Mas os pais das crianças apressaram-se
em mostrar a solução: Eu também me apresentaria no país das fadas como uma
candidata ao trono, e eles reuniriam o maior número de pessoas que conseguissem
para serem meus seguidores.
Com receio de ser
fulminada quando atravessasse o portal que conduz ao país das fadas, exclamei: “Esqueçam!...
Eu adoro a cor dos meus cabelos e não quero ficar toda chamuscada!... Se uma
bruxa não tem permissão para entrar no país das fadas, como poderei concorrer
ao trono?!... Esqueçam!!!... O que está feito está feito e não poderá ser
desfeito.”.
Eles ficaram muito
decepcionados com a minha recusa, e o meu coração se desfez em pedacinhos!...
Eu não desejava parecer egoísta!... Eu precisava ajudá-los a trazer as crianças
de volta. Contrariando a minha própria vontade, eu disse: “Está certo!... Está
certo!... Pior do que eu me tornar a rainha das fadas é o destino que essas
crianças terão longe de seus familiares. Reúnam seus parentes e amigos para que
possamos fazer uma visitinha à fada Cristalina ainda hoje.”.
Felizmente o meu receio
de ficar chamuscada era infundado. Quando chegamos, a fada Cristalina perdeu o
trono para mim porque, além de eu ter mais seguidores, quando as crianças viram
seus pais, elas se libertaram do feitiço da obediência, que a fada Cristalina
havia lançado sobre elas.
Até hoje eu, Estelina, ainda
sou a rainha das fadas. Você deve estar se perguntando como uma bruxa pôde se
tornar a rainha das fadas!... A fada Cristalina era muito mais bonita do que
eu, mas beleza nada tem a ver com bondade. Além disso, “bruxa” é apenas um
rótulo, e rótulos não revelam a verdadeira essência.”.
Texto: Sisi Marques
Arte: Felipe Farias
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