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sábado, 15 de agosto de 2015

O MANTO E A COROA DE REGIS




Regis foi escolhido, pela professora e pelos colegas, para representar o rei na apresentação de teatro que haveria na escola.

A professora de Regis entregou, a cada aluno, a fantasia que correspondia ao seu personagem, e Regis, como era de se esperar, recebeu o manto e a coroa.

A peça seria exibida durante uma festa que haveria em um sábado, e a escola estaria aberta para que os familiares e os amigos dos alunos também pudessem participar.

O dia tão esperado finalmente chegou, e Regis estava muito nervoso porque não conseguia encontrar seu manto e sua coroa. Com receio de que chegassem atrasados à festa, a mãe de Regis disse: “Apresse-se, filho! O manto e a coroa estão sobre a cadeira no seu quarto!... Fui eu mesma que os coloquei lá, ontem à noite!... O seu pai já está no carro... Você sabe que ele detesta esperar!... Suba, apanhe a sua fantasia e desça logo!...”.

Regis insistia em dizer: “Mãe, quantas vezes terei que repetir que o manto e a coroa sumiram?!... Se não acredita em mim, suba lá para ver!...”.

Num gesto de impaciência, a mãe de Regis levantou as mãos para o alto antes de exclamar: “Está bem, Regis!... Está bem!... Você é igualzinho ao seu pai!... Sabe que está errado, mas cria caso e quer ter sempre razão!... Vá para o carro que eu mesma subirei para buscar a sua fantasia.”.

Minutos depois, quando a mãe de Regis entrou no carro, ela entregou o manto e a coroa a Regis sem emitir nenhum comentário, porque receava aborrecer o marido. Mas Regis afirmou: “Há algo errado... O manto e a coroa são de verdade!...”.

Regis calou-se quando ouviu o pai dizer: “Chega de histórias!... Mais uma palavra, e não haverá festa para nós.”.

Durante a apresentação da peça, a atenção dos espectadores acabava sempre voltando para a exuberância do manto e da coroa de Regis. O  nosso reizinho, por sua vez, não conseguia desprender os olhos de uma jovem belíssima que estava sentada na plateia, ao lado de um anão.

Regis pensou que estivesse sonhando, porque houve um momento em que tudo ao redor desapareceu, exceto a jovem e o anão, e ele a ouviu dizer: “Guarde o manto e a coroa, Regis, com muito carinho... Daqui a dez anos, nos reencontraremos... Você se tornará o rei da ilha das fadas, e eu serei a rainha.”.

Regis voltou à realidade quando um amigo perguntou baixinho: “Você está bem?!... É a sua vez!...”. Felizmente Regis havia decorado o texto e conseguiu se sair bem. Ele vasculhou a plateia com o olhar, mas não viu mais a jovem e o anão.

Os dez anos ainda não se passaram. Regis guarda até hoje o manto e a coroa em um esconderijo secreto. Ele deseja tornar-se o rei da ilha das fadas, porque a bela jovem, que será a rainha, conquistou o seu coração. 


Texto: Sisi Marques

Arte: Felipe Farias

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