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sábado, 29 de agosto de 2015

SÍLVIA E A ÁRVORE DA HABILIDADE






Quando Sílvia saiu da escola, em vez de ir para o curso de corte e costura, que ela tanto gostava, ela entrou na floresta e começou a chorar...

Ela sentou sob a copa de uma árvore e deu vazão ao choro que represara durante dias... Ela se perguntava onde estaria o garoto a quem tanto amava!...

De repente, o tempo começou a mudar... O vento agitava as folhas das árvores e levantava as flores e folhas que haviam caído no chão. Sílvia ouviu um ruído e perguntou receosa: “Quem está aí?!... Vamos, apareça!... Eu não tenho medo de você...”.

Na verdade, ela estava tremendo quando ouviu alguém dizer: “Flores e folhas carregadas pelo vento, agora ordeno que se aglutinem ao contorno do meu rosto para que ele possa se tornar visível a esses olhos desatentos...”.




Antes que Sílvia pudesse dizer algo, o ser floral endereçou-lhe as palavras: “Nelson foi imprudente, mas você será mais inteligente do que ele... Nesta floresta, existem muitos portais, e um deles a conduzirá a uma região onde a natureza das árvores foi alterada. Você precisará agarrar-se a uma delas para evitar ser tragada pelo vendaval.”.

Sílvia exclamou: “Por favor, não desapareça!... Você precisa me dizer onde fica esse portal, porque  eu não conseguirei encontrá-lo sozinha!...”. O ser floral aconselhou: “Espere até a noite e confie nas estrelas para mostrar-lhe o caminho... Confie nas estrelas...”. Sílvia recomeçou a chorar quando percebeu que estava novamente sozinha.

Quando a noite cobriu o céu com o seu manto de estrelas, os olhos atentos de Sílvia buscavam um sinal, e ela se alegrou quando eles se depararam com o contorno do rosto de um ser estelar.




Os olhos de Sílvia só se desprenderam do céu no momento em que uma árvore enorme bloqueou o seu caminho. A intuição lhe dizia que era preciso atravessá-la. Sílvia fechou os olhos e caminhou em direção a um destino incerto.

Quando Sílvia abriu os olhos, ela se sentia leve... Era como se estivesse presa em um sonho... As árvores, tão separadas umas das outras, não pareciam reais... Elas eram douradas... E, entre elas, havia apenas uma árvore diferente... Ela era bem menor, e sua copa era feita de alfinetes e fitas. Nesse momento, uma pergunta preocupou Sílvia: Em que árvore ela se seguraria se a ventania começasse?...

E a ventania começou sem dar-lhe tempo para pensar... Sílvia adorava costurar, e aquela árvore atraía sua atenção mais do que as árvores feitas de ouro. De olhos fechados, ela abraçou o tronco da árvore e confiou que estaria segura.

O vento soprou, soprou... Mas não conseguiu separá-la da árvore que ela havia escolhido para ampará-la. Quando a ventania cessou, Sílvia abriu os olhos. Ela ainda estava abraçada à árvore amiga quando viu Nelson caminhando em sua direção. Ela correu para abraçá-lo.

Minutos depois, ele dizia: “Só agora, depois de vê-la abraçada àquela árvore, é que compreendi o que aconteceu... Eu tive a oportunidade de me proteger da ventania... Mas, em vez de me segurar na árvore cuja copa era formada por animais, eu escolhi uma que era feita de ouro porque, além de parecer mais resistente, ela era mais valiosa e bonita. Como eu estava enganado!... A árvore que parecia tão sólida transformou-se em poeira!... Eu deveria ter confiado na minha habilidade de cuidar de animais como você confiou na sua habilidade de costurar... Vamos embora antes que a ventania recomece... Obrigado, Sílvia... Muito obrigado!...”.



 Texto: Sisi Marques

Arte: Felipe Farias
      &
       Sisi Marques

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