Era uma vez um contador
de histórias que precisava atravessar um lago assombrado por uma sereia, que
gostava de ouvir histórias. Ele utilizaria um barco para atravessar o lago. Mas
ele não se preocupava, porque ele sabia que teria várias histórias para contar,
e certamente uma delas agradaria à moça, e ela o deixaria seguir avante.
Quando ele estava
atravessando o lago, o que era esperado aconteceu: A sereia postou-se à sua frente
e disse: “Você só passará se me contar uma história, porque eu estou
confeccionando um colar de histórias... Cada história que ouço se transforma numa
conta para o meu colar... Vamos, comece a contar!...”.
No primeiro instante, o
contador de histórias ficou sem palavras, porque a sereia era belíssima, e a
sua mente parecia ter se esvaziado diante de tanta beleza. Mas, aos poucos, ele
foi readquirindo a lucidez do pensamento e conseguiu concatenar as ideias e
entregar à sereia o que ela tanto desejava: uma história...
Ela disse: “Eu poderia
deixá-lo passar, porque agradou-me muitíssimo a sua história, mas ainda faltam
muitas contas para o meu colar... E até passar novamente alguém que saiba
contar histórias tão bem como você demorará muito. Sendo assim, você não tem
permissão.”. E o contador de histórias disse: “Você não tinha intenção de me
deixar passar desde o início. Então, por que mentiu?!...”.
E ela respondeu: “Eu
não menti... Mas a sua história agradou-me muitíssimo, e eu quero ouvir mais
histórias... Do modo que você conta as histórias, o meu colar estará pronto
muito em breve...”. E o contador de histórias disse: “Está bem!... Eu conheço
muitas histórias e posso passar dias contando histórias para você... É isso o
que a tornaria feliz?...”. E ela respondeu: “Sim. Eu agradeceria muitíssimo.
Posso trazer-lhe muitos alimentos, e você poderia se abrigar numa ilha que
existe bem próximo daqui.”.
Conduzido pela sereia,
o contador de histórias foi até a ilha. O lugar era paradisíaco, e ele se
sentiu muito bem naquela ilha isolada. Os dias se passavam, e ele contava à
sereia todas as histórias que sabia...
Ela já estava com o colar
pronto, quando ele disse: “Agora eu posso partir... O seu colar está terminado.”.
E ela comentou: “Eu sempre desejei ter uma pulseira com contas de histórias...
Você se importaria de me contar mais algumas?...”. E ele respondeu: “Está bem!...
Eu lhe contarei as histórias...”. E ele passou mais alguns dias na ilha...
A pulseira da sereia
ficou pronta, e ele disse: “Agora eu posso partir...”. E ela comentou: “Eu
sempre desejei ter uma tiara de contas... Se você não se importasse de me contar
mais algumas histórias, ela logo ficaria pronta.”. E ele respondeu: “Está
bem!... Eu lhe contarei as histórias.”.
No dia em que a tiara
ficou pronta, ela disse: “Embora eu tenha me apaixonado por você, não tenho o
direito de pedir-lhe que fique e continue contando suas histórias... Você pode
partir.”. E, nesse momento, ele respondeu: “Eu não posso partir, porque também
me apaixonei por você. E será um prazer contar-lhe histórias até o último dia
da minha existência.”.
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