Clóvis, um dos
habitantes do Bosque das Margaridas e melhor amigo de Aloísio, dizia: “Você é
um grande mal-agradecido!... Não se esqueça de que deve a sua prosperidade a
nós!... Embora sejamos pequenos, contribuímos de forma decisiva para que você
se tornasse o comerciante próspero que é hoje!... Você não pode deixar de vir
aqui porque, além dos tomates que você nos traz diariamente, gostamos muito da sua amizade!...”.
Aloísio disse: “Não me
entenda mal, mas a vida pede mudanças... E eu não estou feliz!... Preciso dar outro
rumo à minha vida... Você compreende?...”.
Clóvis respondeu: “Não.
Pensamos que você fosse diferente dos outros humanos, mas estávamos enganados. Pode
ir!... Não há nada que o prenda aqui.”.
Após esboçar um sorriso
triste, Aloísio exclamou: “É aí que você se engana!... Eu estou apaixonado por Luana, e receio que ela também goste um pouco de mim!... Seremos dois a sofrer,
se eu não partir... Eu daria tudo para poder viver, naquele cogumelo, ao lado
dela!...”.
Clóvis prestou atenção
ao que o amigo dissera e preferiu guardar para si os comentários. Ele se
ausentou por alguns minutos e, com a ajuda de mais dois homenzinhos, trouxe um
grande barril de vinho e disse: “Está certo!... Você poderá nos esquecer e
deixar de vir aqui nos trazer os tomates, mas antes beba do nosso melhor
vinho!... Ele foi guardado durante muito tempo para uma ocasião especial como
esta.”.
Aloísio sorriu e
agradeceu ao amigo pela generosidade. Mas, quando ele ingeriu a última gota do
vinho, que Clóvis e os homenzinhos aos poucos iam despejando em seu copo, ele
exclamou: “Você me envenenou!... Eu me sinto atordoado, e algo muito terrível está
acontecendo dentro de mim!... O que havia dentro da bebida?!... Veneno para
ratos?!... Eu me tornei um ser desprezível apenas porque não suportaria ver Luana
casar-se com alguém do tamanho dela?!... Eu amo Luana e sei que, de algum modo,
ela também me ama!... Eu não pretendia traí-los... Eu só desejava me afastar
para tentar esquecê-la...”.
Aloísio desmaiou, e os
homenzinhos o levaram para dentro de um dos cogumelos. Horas depois, quando ele
despertou, viu Clóvis e Luana sentados em um sofá em frente à cama. Ele
levantou e se sentia zonzo... Não porque ainda estivesse sob o efeito do
álcool, mas porque estava embriagado de paixão.
Texto: Sisi Marques
Arte: Felipe Farias
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