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quarta-feira, 9 de setembro de 2015

O ARTISTA E SEU DESENHO


(RELEITURA)



O que leva alguém a escolher ficar sozinho diante de uma folha em branco?!... Aparentemente não existe nada ali!... Mas a imaginação de quem contempla a folha consegue ver além das aparências!... Se não houver a confiança de que a mão, segurando apenas um lápis, conseguirá seguir o voo da imaginação, a folha continuará em branco. 

Eu vi a releitura do desenho de um anjo, e os meus olhos começaram a percorrer os mesmos caminhos que a mão do artista percorreu na tentativa de refazer o percurso da imaginação do criador do desenho.  Aquele anjo só começou a habitar a minha imaginação porque o artista se atreveu a confiar em sua capacidade de reproduzir algo que o fascinou.

Confesso que também fiquei encantada quando um portal se abriu, e o desenho do anjo ganhou vida, e eu comecei a me perguntar: Quem é ele?!... Um anjo ou um homem que plasmou suas asas na busca da excelência de seu ser?!... Ou será ele a tentativa do artista de registrar o seu próprio voo no momento mágico da realização?!... Talvez, para o desenhista, ele não seja nem uma coisa nem outra... Talvez ele seja apenas um desenho que o tenha ajudado a passar o tempo...

Aqui estou eu tentando explicar através de palavras o que, para o artista, não necessita de explicação. Isso não significa que ele não tenha consideração pelo seu desenho... Na verdade, é exatamente o oposto: ele o ama tanto que se recusou a colocar-lhe um rótulo ou espremê-lo para que ele coubesse em uma definição estreita.

Sem que o desenho perca a sua própria integridade, ele tem a liberdade de ser o que as pessoas imaginarem que ele deva ser... Porque as várias interpretações que ele receber dos olhos que o observarem não modificarão a sua essência.



Texto: Sisi Marques

Arte: Felipe Farias




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